Vindo de muito longe,
Peregrino errante pela cidade,
Caminha só e desconfia de todos.
A conversar,
Fala à toa consigo mesmo:
“Sou eu mesmo quem me devo dialogar.”
Bengala na mão,
Bate o chão,
Três toques de solidão,
Mil tiques, taques,e nenhum,
Nenhum cristão pra lhe assistir.
Porém todos o vêem.
Alguns o ajudam
Quando tenta atravessar a rua,
Gritam para guiá-lo:
“Passa viado!”
E ele passa,
Indiferente à ofensa, continua,
Sempre a conversar consigo mesmo.
Outros riem de sua pressa,
Se preocupam,olham,
Mas nunca o ajudam.
Contudo, ele passa,
Indiferente a tudo, continua,
Sempre a demonstrar segurança em si mesmo.
Não diz seu nome,
Não confia nos homens...
Mas me revela o mundo,
Sou aprendiz desse ser.
Vindo de muito longe,
Um cego,
Me ensina muito, sem notar
Que ao seu lado, eu, outro cego
Começava a enxergar.
Tácio Argolo
Perfeita!!!! Muito profunda a experiência de começar a enxergar à partir da expência de outras pessoas!!!
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